quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Melancolia



Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!
Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,
Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego -
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu.

Fernando Pessoa, 3-9-1924

Um comentário:

  1. Em ao menos 1 momento de nossa vida, nos identificamos com um poema de Fernando Pessoa.

    Maiara

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